Em novembro de 2024, comemora-se o 102.º aniversário do nascimento do Prémio Nobel da Literatura, José Saramago, nascido na antiga aldeia de Azinhaga.
O seu romance O Evangelho Segundo Jesucristo (1991) catapultou-o para a fama após uma polémica sem precedentes em Portugal —que se considera uma república laica— quando o Governo vetou a sua candidatura ao Prémio Literário Europeu desse ano, alegando que “ofendia os católicos”.
Como ato de protesta, Saramago deixou Portugal e instalou-se na ilha canária de Lanzarote.
Como a sua extensa obra é bem conhecida, podemos dizer que a casa museu de Lanzarote está aberta ao público, um pequeno museu. No bairro de Alfama, em Lisboa, em frente à Casa dos Bicos, que é a fundação do escritor, há uma velha oliveira mesmo em frente, trazida da aldeia onde ele nasceu, baixo as suas raízes estão as suas cinzas, a terra de Lanzarote depositada pela sua mulher Pilar, a terra onde ele passou uma parte importante da sua vida.
A fotografia mostra, que terra da Galiza o cobre, é um pequeno presente póstumo, um ato de amor, ao escritor, à cultura e a um lutador pelas liberdades.
O seu sucesso começou em 1980-82, mas só aos 62 anos é que começou a receber o reconhecimento que merecia.
Digo isto para encorajar os escritores mais velhos e tímidos, na chamada terceira idade, a escreverem, a publicarem e a não desistirem.
Desde que haja tinta e papel e algo para dizer, como disse Saramago.
«Singelamente não tinha algo que dizer e quando não se tem algo que dizer o melhor é calar».
Mas quando há muito que dizer, abrir o tintero e mãos à obra. “Tenho aprendido a não tratar de convencer a ninguém. O trabalho de convencer é uma falta de respeito, é uma tentativa de colonização do outro”.